Mestres
Quero
Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.
Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?
Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
pois ao não dizer: Eu te amo,
desmentes
apagas
teu amor por mim.
Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional,
amor
feito som
vibração espacial.
No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amastes antes.
Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor.
Carlos Drummond de Andrade
Thales B.
Estudante de Direito. Amante de Fotografia. Invento amores e não sei usar vírgulas.
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5 degustadores:
Depois do Drummond, é sempre heresia dizer qualquer coisa.
E' verdade, acho que eu parei por um tempo até por isso. :)
Gostei de ler Drummond. Obrigado pela oportunidade.
Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com
Muito legal seu blog, vou passar mais vezes agora.....
dá uma passada no meu
http://otaviomsilva.blogspot.com/
e/ou nesse q participo
http://mundo-leitor.blogspot.com/
Forte abraço.
Olá, encontrei o seu blog na comunidade dos blogueiros literários. E te digo uma coisa: Precisava ler algo assim hoje. Drummond, Drummond.
Muito bom! Seguindo.
http://ariannecarla.blogspot.com
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